Cessar-fogo é respeitado; Israel promete revidar ataques

22/11/2012 23:51

Fonte: AFP

O cessar-fogo entre Israel e o Hamas em Gaza, que entrou em vigor nesta quarta-feira à noite, após uma semana de hostilidades, era respeitado hoje, mas Israel avisou que revidará a qualquer ataque.

"O cessar-fogo pode durar nove dias, nove semanas ou mais, mas, se for quebrado, nós saberemos o que fazer, e consideraremos então a possibilidade de retomar nossas atividades (militares) em caso de tiros ou provocações", afirmou o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, à rádio pública.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sustentou o mesmo discurso: "Damos uma oportunidade ao cessar-fogo, mas também estamos preparados para enfrentar a eventualidade de que não seja respeitado, e, se isto ocorrer, saberemos agir em conformidade", declarou durante uma cerimônia em homenagem à polícia.

O chefe do Estado-Maior de Israel, o general Benny Gantz, disse que o exército "alcançou todos os objetivos da operação 'Pilar de Defesa'. Se não houver disparos da Faixa de Gaza, a paz reinará na região", disse.

Em uma semana de ataques, 163 palestinos foram mortos e mais 1.235 ficaram feridos na operação israelense iniciada no dia 14 de novembro com o assassinato do chefe militar do Hamas Ahmed Jaabari.

Seis israelenses, incluindo dois soldados, morreram em consequência dos disparos de foguetes palestinos.

Por sua vez, a classe política israelense se concentra agora nas eleições de 22 de janeiro, após um cessar-fogo que deixou um gosto amargo para muitos israelenses.

Apesar de ter mostrado um apoio unânime ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu desde o início da operação "Pilar de Defesa", a oposição abriu a temporada de hostilidades, dizendo que os objetivos traçados pelo governo não foram atingidos.

- Calendário eleitoral -

O calendário eleitoral começa a esquentar a partir de domingo com as primárias que decidem os candidatos a deputado pelo Likud, partido de direita de "Bibi" Netanyahu. Na semana que vem, o Partido Trabalhista (centro-esquerda) escolherá seus candidatos.

"A segurança dos moradores do sul de Israel ainda não foi restabelecida, nem nossa força de dissuasão", discursou o líder do partido centrista Kadima Shaul Mofaz.

Segundo este ex-chefe do Estado-Maior e ex-ministro da Defesa, "o cessar-fogo é um erro. Não é assim que se conduz uma guerra contra o terrorismo".

A líder trabalhista, Shelly Yachimovich, também mostrou reticências: "Espero que esta operação seja um sucesso estratégico para Israel, mas não estou certa de que será assim".

O ministro de Defesa israelense, Ehud Barak, respondeu que uma ofensiva terrestre "poderia criar uma situação onde teríamos que ficar anos na faixa de Gaza". De acordo com Barak, é impossível retirar o Hamas do poder em Gaza sem que Israel ocupe completamente o território.

Enquanto isso, em Gaza, a calma era restaurada após uma noite sem ataques israelenses ou tiros de foguetes.

Apenas o ruído de tiros para o ar, de fogos de artifício e cantos de vitória "Alá Akbar (Deus é grande) entoados por milhares de pessoas que saíram às ruas para celebrar a "vitória" do Hamas, que governa o enclave palestino, interromperam a tranquilidade da noite.

E, como um sinal tangível de um retorno à normalidade, milhares de carros retornaram às ruas de Gaza desde a manhã desta quinta-feira, decretado feriado para celebrar a "vitória". O tráfego e o ruído das buzinas substituíram os estrondos dos ataques aéreos.

O chefe de governo do Hamas na Faixa de Gaza, Ismail Haniya, pediu que todos os grupos armados respeitem o cessar-fogo com Israel, que entrou em vigor na quarta-feira às 19h00 GMT (17h00 de Brasília).

"A batalha e a vitória são uma prova de que o inimigo deverá refletir longamente antes de lançar uma batalha contra qualquer país da região dotado de (capacidade de) resistência", advertiu Haniyer, aparentemente em referência ao Irã.

Carregando as bandeiras verdes do Hamas, mas também as amarelas do irmão inimigo Fatah, os moradores de Gaza invadiram as ruas da cidade.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, chefe do Fatah, felicitou nesta quinta-feira Haniye por sua vitória após o anúncio de trégua, anunciou o escritório de Haniye em um comunicado.

Em Ramallah (Cisjordânia), a agência de notícias palestina Wafa informou que Abbas "recebeu um telefonema do irmão Haniye, que o informou sobre a situação em Gaza após o cessar-fogo".

"O presidente saudou a determinação (palestina) diante da agressão e ressaltou a importância de alcançar um cessar-fogo e evitar os estragos da guerra", acrescentou a agência de notícias.

Abbas oficializou no dia 27 de setembro na tribuna das Nações Unidas seu projeto para que a Autoridade Palestina obtenha na ONU o status de "Estado" não membro, projeto que será submetido à Assembleia Geral no dia 29 de novembro.